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A mostrar mensagens de maio, 2016

Ausência

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Há seis meses que partiste, pai... Logo pela manhã, a notícia chegou implacável, sem preparativos nem atenuantes... Logo naquele dia em que contávamos encontrar-te melhor, depois do sono profundo do dia anterior… Afinal, aquela ausência já era o início da tua viagem e nós não fomos capazes de ler os sinais. Estava tanto calor no quarto naquela tarde e não sabíamos que o teu silêncio, afinal, já era despedida e, por isso, não ficámos mais tempo. Desculpa, pai. Isso, porque fomos incapazes de ver para além do que os nossos olhos viam... Pensávamos nós que o teu tempo era ainda o nosso tempo... Agora o que guardo é, sobretudo, a lembrança da noite em que cheguei a tempo de te ver, de falar contigo, de te levar à sala do RX para a radiografia... Ficaste feliz de me ver...Vi o teu rosto iluminar-se, pai... Estava, finalmente, ali, depois de todas aquelas horas de ansiedade...Ajudei a trocar a tua roupa pela do hospital. E estavas tão calmo, pai... Tão sereno... Depois, despedi-...

Travessia

Para trás ficou a terra firme das certezas, a satisfação de coisa nenhuma... Hoje, apenas a necessidade absoluta de saborear a viagem amarga deste  mar revolto e a esperança de um dia me voltar a encontrar num cais distante. Dezembro/97

Primeiras fotos

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Corte Pinheiro - 1966/1967

A Árvore

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Ao longo dos anos, a árvore permaneceu lá Perto da sabedoria das coisas simples E nem os ventos frios do inverno ousaram Estremecer os seus braços fortes, Nem os quentes raios de sol desafiaram As gotas de orvalho das suas folhas verdes.   Era como se aquela árvore fosse eterna E a sua força brotasse naturalmente da terra, Na seiva sagrada das raízes mais profundas…   Um dia, as folhas começaram a desprender-se Uma a uma, pouco a pouco… As gotas de orvalho foram perdendo o seu brilho O vento que outrora transportava promessas Foi, gradualmente, esmorecendo Na certeza do dia que se torna noite escura.   E, aos poucos, as manhãs ficaram mais cinzentas Com saudade das cores que iluminam a raiz dos dias.   Agora, é como se o tempo andasse para trás, Os braços que procuravam o abraço do sol Voltam-se para o centro da terra, à procura de outra luz.   Tão de mansinho, a vou perdendo … E, quase como quem não dá p...